11/24/2009

A Dama e o Nobre Vagabundo


O olhar era penetrante. Firme e ao mesmo terno. Desejoso e carinhoso. Dualidade no olhar sempre a atraíra. O rapaz sentado no outro lado do bar, sozinho, não tirava os olhos desde o momento que chegara. Estava ali esperando o marido. Mas se sentia atraída pelo estranho.
Se sentia despida e revelada ali mesmo. A sensação ao invés de incomodar, a deixava excitada. Faltavam uns dez minutos para a chegada do marido. Mexia nos cabelos vermelhos, como se não notasse a presença dele. Mas era impossível não cruzar com seus olhares de vez em quando. Sentia a pele esquentar, assim como todo o corpo.

O garçom veio ao seu encontro e lhe entregou um pedaço de guardanapo. Nele, um telefone e uma interrogação. Leu e imediatamente olhou para o desconhecido. Guardou o papel. Pensou, ficou nervosa com a chegada do marido cada vez mais próxima. O homem sentado do lado oposto sorriu discretamente com o desconforto da mulher.

Toca o telefone na bolsa. A mulher se atrapalha, deixa cair e atende. Era o marido avisando que não poderia ir ao encontro marcado, pois teria assuntos para resolver. Ela desligou o telefone. Pôs-se a pensar. Pediu a conta. Viu aquele homem, caminhar para a direção da rua. Sentiu-se triste. Retornou a pegar o telefone. Discou aqueles números do guardanapo. Desistiu ao ouvir o primeiro toque. Afastou o pensamento de traição da mente.

O telefone tocou. Número desconhecido. Atendeu com um leve tremor nos braços e nas pernas. Ouviu uma voz forte e suave ao mesmo tempo. O desconhecido retornou a ligação perdida, sabendo ser da mulher desejada. Tremeu dos pés a cabeça. Ouviu um endereço. Anotou mentalmente. A ligação caiu. Ficou estarrecida. Iria ou não? Se entregaria a um desconhecido em busca de uma aventura?

Um comentário:

  1. Muitas vezes o desejo cala a voz da razão.
    Creio que a moça trêmula irá ao encontro.
    E rapaz?

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